Leituras e releituras da Comédia de Dante.
O início do Canto II, do Paraíso - aquele que quase ninguém lê pois, como já dizia Carpeaux, os leitores modernos só conhecem o Inferno... Aqui, Dante avisa aos despreparados que não o acompanhem.
Na tradução de Ítalo Eugenio Mauro (Editora 34):
Ó vós que em pequenina barca estais,
e o lenho meu canta e vai, ansiados
de podê-lo escutar, acompanhais,
voltai aos vossos portos costumados,
não vos meteis no mar em que, presumo,
perdendo-me estaríeis extraviados.
Ninguém singrou esta água que eu assumo;
conduz-me Apolo e Minerva me inspira,
e nove musas indicam-me o rumo.
No original, claro:
Na tradução de Ítalo Eugenio Mauro (Editora 34):
Ó vós que em pequenina barca estais,
e o lenho meu canta e vai, ansiados
de podê-lo escutar, acompanhais,
voltai aos vossos portos costumados,
não vos meteis no mar em que, presumo,
perdendo-me estaríeis extraviados.
Ninguém singrou esta água que eu assumo;
conduz-me Apolo e Minerva me inspira,
e nove musas indicam-me o rumo.
No original, claro:
O voi che siete in piccioletta barca,
desiderosi d'ascoltar, seguiti
dietro al mio legno che cantando varca,
tornate a riveder li vostri liti:
non vi mettete in pelago, ché forse,
perdendo me, rimarreste smarriti.
L'acqua ch'io prendo già mai non si corse;
Minerva spira, e conducemi Appollo,
e nove Muse mi dimostran l'Orse.
E é em italiano que é cantado no filme A dupla vida de Véronique, de Krzysztof Kieślowski:
A música, no filme, é de Van Den Budenmayer, "um certo compositor holandês do século XVIII". Na realidade, Zbigniew Preisner, polonês, que compôs músicas para vários filmes, tendo trabalhado com Kieslowski.
Os dois inventaram esse compositor que, claro, é um personagem como a própria Veronique (Irène Jacob). O filme é um dos grandes momentos do diretor - para mim, o melhor dele.
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