Opisanie swiatta
Verônica Stigger
Cosac Naify, 160 p.
Nesse romance que lhe rendeu o Prêmio São Paulo de Literatura de 2014, Verônica Stigger traz a história de Opalka, um polonês que recebe uma carta de seu filho Natanael - cuja existência desconhecia até abrir o envelope - moribundo na Amazônia. Quer conhecê-lo. Dá todas as dicas para uma viagem segura e minimamente confortável da Polônia até o Brasil.
Opalka não desconfia, mas está prestes a abandonar seu país, provavelmente para sempre - estamos nos anos 30, às vésperas da guerra. A Polônia acabou (...) Daqui a pouco toda a Europa não vai existir mais, se é que ainda existe, diz o personagem Jean-Pierre.
A narrativa se inicia no trem, em que Opalka, que quer ler um jornal em paz, é perturbado por um brasileiro (sim, claro, não deixamos ninguém ler em trens), um certo Bopp. E, em seguida, estaremos no navio que os trouxe para este lado do globo. Uma narrativa de viagem em que a viagem, em si, é o centro, como quando o navio cruza com o de Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade...
Opisanie swiata significa Descrição do Mundo, em polonês. E isso, por sua vez, nos remete ao livro de Marco Polo (que, em polonês, tem o mesmo título). Composto de forma extremamente fragmentária, torna-se um retalho de narrativas e notas - como a que recomenda, enfaticamente, que não se use chapéu de explorador; seu uso por estrangeiros, diz, causa grande má impressão nos brasileiros.
Sim, se no início temos a impressão de que o livro irá se centrar na relação entre pai e filho, logo se percebe que a questão não é essa, mas a viagem. E, ao chegar à Amazônia - tarde demais para ver o filho - Opalka ganha do amigo uma caderneta preta, para escrever o que passou. Como lhe diz Bopp, a gente escreve para não esquecer, ou fingir que não esqueceu - ou para escrever sobre o que nunca existiu.
A narrativa se inicia no trem, em que Opalka, que quer ler um jornal em paz, é perturbado por um brasileiro (sim, claro, não deixamos ninguém ler em trens), um certo Bopp. E, em seguida, estaremos no navio que os trouxe para este lado do globo. Uma narrativa de viagem em que a viagem, em si, é o centro, como quando o navio cruza com o de Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade...
Opisanie swiata significa Descrição do Mundo, em polonês. E isso, por sua vez, nos remete ao livro de Marco Polo (que, em polonês, tem o mesmo título). Composto de forma extremamente fragmentária, torna-se um retalho de narrativas e notas - como a que recomenda, enfaticamente, que não se use chapéu de explorador; seu uso por estrangeiros, diz, causa grande má impressão nos brasileiros.
Sim, se no início temos a impressão de que o livro irá se centrar na relação entre pai e filho, logo se percebe que a questão não é essa, mas a viagem. E, ao chegar à Amazônia - tarde demais para ver o filho - Opalka ganha do amigo uma caderneta preta, para escrever o que passou. Como lhe diz Bopp, a gente escreve para não esquecer, ou fingir que não esqueceu - ou para escrever sobre o que nunca existiu.
Sera q o Raul Bopp da turma do Osvald de Andrade inspirou o personagem? RP era diplomata e intelectual do grupo modernista. E
ResponderExcluirSem dúvida. Há uma série de referências modernistas
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