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Leonardo da Vinci R.I.P.

Como nunca se pode dizer que as coisas não podem piorar, a Leonardo da Vinci anuncia para junho sua queima de estoque e prepara a despedida, depois de 63 anos gloriosos. A livraria, fundada pelo romeno Andrei Duchiade, é inviável, diz a filha e herdeira Milena. Afinal, era uma livraria que vendia livros, não se rendendo ao café, lanchonete, papelaria etc...

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O Brasil é mesmo inviável

Não resistiu à Internet, às grandes redes e às mudanças na Avenida Rio Branco. A matéria pode ser lida aqui.

Nos anos 90 passava por lá quase toda semana. Livros em francos, pesetas, libras (na época, vigorava um tal "dólar-livro"...). Coleções da Dover, Librio, Folio, Livre de Poche, por 10 FF (depois, 2 euros). Comprei vários. E lembro-me dos livro que nunca comprei, como um francês que ensinava a ler os hieróglifos egípcios ou um russo sobre Pedro o Grande. Um templo da perdição. 

Em tempos analógicos, pré-Amazon e Internet, era um grande centro de peregrinação, no edifício Marquês de Herval. Drummond passava tardes lá.

Os livreiros conheciam os catálogos e era possível conversar sobre os livros.

O dia perfeito era sair da Leonardo da Vinci, pegar um ônibus e parar na Modern Sound, de Copacabana. 

Em Belo Horizonte, a Rádio Guarani foi comprada por um grupo evangélico. Fim da programação de clássicos... Há tentativas de transformar a Rádio MEC em algo mais "popular" e "autenticamente brasileiro"...

Observações:

1) estou velho;
2) A Argentina, numa crise pavorosa há pelo menos quinze anos, mantém sua Ateneo (para ficar na mais famosa de Buenos Aires) em plena forma.

Somos mesmo inviáveis.

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