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Mostrando postagens de março, 2014

E se a Internet desaparecesse?

E se, de repente, do nada, ficássemos todos sem a Internet? - A Internet virá abaixo e viveremos ondas de pânico, diz Dan Dennett.  E mais: Algumas tecnologias nos tornaram dependentes e a internet é o máximo exemplo disso: tudo depende da rede. O que aconteceria se ela caísse? Nos Estados Unidos tudo desabaria em questão de horas. Imagine: acordar e a tevê não funciona. Obviamente não tem sinal de celular. Você não tem coragem de pegar o carro porque não sabe se essa vai ser sua última reserva de gasolina e os únicos que se prepararam para isso são todos esses malucos que constroem bunkers e armazenam armas. Certeza de que queremos que eles seja nossa última esperança? A matéria completa pode ser lida na edição brasileira do El País,  aqui.  

José de la Colina e sua bela adormecida

Esta vem do blog do escritor argentino  Eduardo Berti. José de la Colina é mexicano (nascido na Espanha em 1934).  O príncipe encantado beijou a bela adormecida, que acordou enquanto ele dormia, e então ela o beijou; ele acordou enquanto ela voltava a dormir, e então...

Conto da semana, de Stephen Leacock

Um conto que poderia ter sido contado por um amigo, num café qualquer por aí. Parece que foi ontem - ainda que faça tempo que não falemos em "prestidigitador". Obviamente, tirei do recém-relançado Mar de Histórias - Paulo Rónai & Aurélio . Leacock (1869-1944) nasceu no Canadá e é um dos mestres do conto de humor. Stephen Leacock: nunca esculhambe um mágico em público - Agora, senhoras e senhores - disse o mágico - tendo-lhes mostrado que este pano está absolutamente vazio, passo a retirar dele um aquário de peixes dourados. Pronto! Em torno dele, a assistência comentava: - Que maravilha! Como será que ele faz? Mas o Homem Sabido da cadeira da frente disse, num cochilo audível, às pessoas ao lado: - Ele o tinha escondido na manga. Então a assistência fez ao Homem Sabido, com a cabeça, um sinal de concordância inteligente, e disse: - Claro! E todos cochicharam pelo salão: - Ele o tinha escondido na manga. - Agora, a minha mág

Dostoievski na BBC

Há tempos a Biblioteca não fala dos "filmes sobre livros". A produção de 2002 da BBC traz a história do atormentado Raskolnikov, filmada na própria São Petersburgo. Uma adaptação bem aos moldes da BBC: produção impecável, fidelidade à obra, bons atores. São 2 DVDs, com 3 horas de duração.  A edição da 34 traz a (única?) tradução direta do russo para o português, pelas mãos de Paulo Bezerra. Foi essa edição que li e que me fez perceber a diferença das antigas edições brasileiras, quase sempre feitas a partir de versões francesas. É quase outro livro... e muito melhor.

Reedição do Mar de Histórias

Referência do blog desde sempre, a coleção de contos  Mar de Histórias, organizada pelo Paulo Rónai e Aurélio Buarque de Holanda acaba de ser relançada pela Nova Fronteira. 245 autores, da Antiguidade até a Primeira Guerra. Imperdível.

Bentinho e a Criméia

João Batista de Abreu lembrou em artigo no Observatório da Imprensa :  Machado de Assis fala da Criméia em Dom Casmurro; Bentinho é pró-russo. Manduca vivia no interior da casa, deitado na cama, lendo por desfastio. Ao domingo, sobr a tarde, o pai enfiava-lhe uma camisola escura, e trazia-o para o funo da loja, donde ele espiava um palmo da rua e a gente que passava. Era todo o seu recreio. Foi ali que o vi uma vez, e não fiquei pouco espantado; a doença ia-lhe comendo parte das carnes, os dedos queriam apertar-se; o aspecto não atraía, decerto. Tinha eu de treze para catorze anos. Da segunda vez que o vi ali, como falássemos da guerra da Criméia, que então ardia e andava nos jornais, Manduca disse que os aliados haviam de vencer, e eu respondi que não. - Pois veremos - tornou ele - Só se a justiça não vencer neste mundo, o que é impossível, e a justiça está com os aliados. - Não, senhor, a razão é dos russos. Naturalmente, íamos com o que nos diziam os jornais d

Juan Pablo Villalobos e o sistema JP para crises de prateleiras

Já Juan Pablo Villalobos  transformou a arte de arrumar espaço numa estante em uma ciência exata. O sistema JP para crises de prateleiras. A ser testado, claro. Talvez um dia faça um ranking dos meus nestas bases. Teria que estabelecer um limite quantitativo; quem não fizesse o mínimo de pontos seria rebaixado para a série B. Mas acho que vai rolar tapetão.

Os livros que não li

Um artigo de Christopher Howse, que pode ser lido, em inglês, aqui , fala da arte de não ler os livros que temos. Segundo o autor, há em média 138 livros por residência (acho este número exageradamente alto até para os ingleses) e pelo menos a metade destes jamais será aberta. Um artigo meio estranho...  Ele esculhamba o paperback. É que, para Howse, ninguém tem um livro; somos todos apenas seus guardiões, por algum tempo (algumas décadas, se tanto). Defende que, afinal, o fato de as pessoas não lerem os livros que compram não é tão mal assim - e dá o exemplo do Mein Kampf, que vendeu milhões... E faz um cálculo: se lermos um livro por semana não chegaremos a 5 mil - não muito.

Os Lemmings e outros, de Fabián Casas

Desde que comecei a publicar, as pessoas me perguntam: "Isto é autobiográfico, não é?" Ou: "O personagem é você, não é?" De modo que vou começar dizendo que tudo o que se vai narrar aqui é absolutamente verídico. Aconteceu realmente como vou contar.  (conto: Casa com dez pinheiros) Dizer que Buenos Aires é uma cidade literária é de um irritante lugar-comum. Mas o que dizer de um bairro? Sim, porque, no final das contas, na maioria das vezes os escritores se dedicam a um ou outro bairro. Borges dedica-se a Palermo Viejo, onde viveu quando criança  - e que está presente em  A fundação mítica de Buenos Aires  e em  Evaristo Carriego  (o primeiro texto,  Palermo de Buenos Aires ). Borges fez parte do chamado Grupo de Florida, que nos anos 20 e 30 do século passado se reunia em torno do Café Tortoni e da Revista Martín Fierro. Estavam antenados nas vanguardas europeias e foram associados às classes mais altas da sociedade argentina. Hoje qualquer turista c