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Pantaleão e as visitadoras, de Mario Vargas Llosa



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Pantaleão e as visitadoras
Mario Vargas Llosa
Alfaguara
Tradução de Paulina Wacht e Ari Roitman
246 p. 




Publicado em 1973, é um dos mais conhecidos e elogiados romances de Mario Vargas Llosa. Pantaleão Pantoja é um oficial com um futuro brilhante pela frente no Exército, e recebe a missão (secreta) de organizar o Serviço de Visitadoras para Guarnições, Postos de Fronteiras e Afins, sob a burocrática sigla SVGPFA. Uma operação para baixar a temperatura da tropa: um serviço de prostitutas que devem saciar os soldados solitários e perdidos em serviço no interior da selva amazônica, e que se tornaram uma ameaça para as mulheres e animais da região.

Diligentemente, Pantaleão, que não fuma, não bebe, jamais traiu sua mulher - um sujeito que não cede a vícios e tentações - faz um estudo de mercado completo. Sua planilha merecia ser estudada nos MBA: quantifica o público alvo, estabelece o número de visitadoras a contratar, o tempo de cada "visita". Pantaleão participa pessoalmente da seleção de sua "equipe". O romance mescla cartas, relatórios típicos de repartição pública (a história se passa nos anos 50... parecem, às vezes, saídos de um personagem de Nelson Rodrigues).

O Serviço foi concebido para dar errado. No entanto, nas mãos diligentes de Pantaleão, é um sucesso - indigesto, diga-se. Os militares e a Igreja não aceitam a divisão, e tão interessante quanto Pantaleão é o personagem Francisco, um fanático que incentiva a crucificação de animais e de pessoas, sempre para combater o Mal...

O romance foi ao cinema em 2000, em filme dirigido por Francisco Lombardi, também peruano.

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