Lançado em 2016 e acessível pelo Kindle, este pequeno livro (176 páginas) do alemão Volker Weidermann traz uma série de pequenas passagens da vida intelectual dos anos 30.
Em 1936, às vésperas da catástrofe, a pequena cidade belga de Ostende atrai inúmeros escritores, artistas e intelectuais - muitos deles judeus - que, em sua maioria, logo seria tragada pela Segunda Guerra. Lá estavam Klaus Mann, que lançou seu romance Mephisto, Arthur Koestler, Ernst Toller, Irmgard Keun, entre outros.
Mas o foco do livro de Weidermann é a amizade entre Joseph Roth, de Brody, nos confins do finado império habsburgo, e imerso na cultura iídish e no álcool, e o austríaco Stefan Zweig, cosmopolita, assimilado e ocidental escritor, lido por milhões, aclamado por onde passava. Em 1936, no entanto, já não podia ser lido na Alemanha.
Zweig desaprovava a propensão à bebida de Roth, mas financiou, por muito tempo, o amigo, que vivia sem dinheiro e com fome. O sucesso de seus livros era todo direcionado ao álcool. Roth, por sua vez, desaprovava o fato de Zweig ter deixado sua primeira mulher, Friderika, pela sua secretária, Lotte. Mas o bem sucedido e mundialmente famoso Zweig jamais abriu mão dos conselhos literários (e críticas, muitas vezes ferozes) de Roth.
O final todos sabemos: Roth fugiu da Alemanha em 1933, assim que Hitler assume o poder, e passa a viver na França. Morre em 1939, dominado pelo alcoolismo. Zweig, por seu lado, viaja para os EUA, Argentina e termina no Brasil, encantado com o que entendia ser o país do futuro. Três anos depois, angustiado com os rumos da guerra, isolado intelectualmente em Petrópolis, e impaciente (nas suas próprias palavras em sua carta de despedida), suicida-se, ao lado de Lotte.
Acabei associando este livro ao romance de Aron Appelfeld, Badenheim 1939, onde um grupo de judeus passa uma temporada no balneário austríaco, já agora anexado à Alemanha. Mas, no 1936 de Weidermann, não há lugar para um panglossiano Pappenheim, personagem de Appelfeld.
Alguma editora brasileira poderia se habilitar a publicá-lo por aqui.
Em 1936, às vésperas da catástrofe, a pequena cidade belga de Ostende atrai inúmeros escritores, artistas e intelectuais - muitos deles judeus - que, em sua maioria, logo seria tragada pela Segunda Guerra. Lá estavam Klaus Mann, que lançou seu romance Mephisto, Arthur Koestler, Ernst Toller, Irmgard Keun, entre outros.
Mas o foco do livro de Weidermann é a amizade entre Joseph Roth, de Brody, nos confins do finado império habsburgo, e imerso na cultura iídish e no álcool, e o austríaco Stefan Zweig, cosmopolita, assimilado e ocidental escritor, lido por milhões, aclamado por onde passava. Em 1936, no entanto, já não podia ser lido na Alemanha.
Zweig desaprovava a propensão à bebida de Roth, mas financiou, por muito tempo, o amigo, que vivia sem dinheiro e com fome. O sucesso de seus livros era todo direcionado ao álcool. Roth, por sua vez, desaprovava o fato de Zweig ter deixado sua primeira mulher, Friderika, pela sua secretária, Lotte. Mas o bem sucedido e mundialmente famoso Zweig jamais abriu mão dos conselhos literários (e críticas, muitas vezes ferozes) de Roth.
O final todos sabemos: Roth fugiu da Alemanha em 1933, assim que Hitler assume o poder, e passa a viver na França. Morre em 1939, dominado pelo alcoolismo. Zweig, por seu lado, viaja para os EUA, Argentina e termina no Brasil, encantado com o que entendia ser o país do futuro. Três anos depois, angustiado com os rumos da guerra, isolado intelectualmente em Petrópolis, e impaciente (nas suas próprias palavras em sua carta de despedida), suicida-se, ao lado de Lotte.
Acabei associando este livro ao romance de Aron Appelfeld, Badenheim 1939, onde um grupo de judeus passa uma temporada no balneário austríaco, já agora anexado à Alemanha. Mas, no 1936 de Weidermann, não há lugar para um panglossiano Pappenheim, personagem de Appelfeld.
Alguma editora brasileira poderia se habilitar a publicá-lo por aqui.
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