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2016

Ano complicado, dedicado a escrever - o que tira muito do tempo para ler. Mesmo assim, um ano muito bom; a qualidade superou, em muito, a quantidade.

Quatro clássicos (ou três e meio, vá lá): Madame Bovary, de Flaubert, As Viagens de Gulliver, de Swift, o Livro I de Don Quijote e Doutor Fausto, de Thomas Mann. Isso, por si, já justifica um ano de leituras.

O negociante de inícios de romances, de Matéi Visniec, para mim, foi uma grande surpresa e, até onde sei, um dos livros negligenciados pelos resenhistas. O messias de Estocolmo, de Cynthia Oczik não é um lançamento, permanecendo inédito por aqui, infelizmente. Ponto para o livro digital... e, claro, um ano de lançamento de Ian McEwan (Enclausurado) é sempre um ano diferente. Brasileiros: os ótimos O romance inacabado de Sofia Stern, de Ronaldo Wrobel, e O Remanescente, de Rafael Cardoso.

2016 foi não apenas um ano com novidade de McEwan, mas também de Manguel (Uma história natural da curiosidade). E se Philip Roth pendurou a caneta, saiu no Brasil sua autobiografia Os fatos. 







 

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