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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

O Judas de Oz

Uma entrevista com Amós Oz no jornal Público, por ocasião do lançamento, por lá, de Judas, um dos destaques deste blog em 2015. Pode ser lida  aqui. Já lhe chamaram muitas vezes traidor. Muitas. Tendo a olhar isso como uma honra. Tem acontecido a muito boa gente ao longo da História. Quando me chamam traidor sei que estou em excelente companhia.  Está a escrever?  Estou, mas tenho alguma relutância em falar disso. Quando estou “grávido” não gosto de expor a minha gravidez. Não é bom para o bebé. O seu nome aparece todos os anos como um candidato ao Nobel. Como lida com isso?  Se morrer sem receber o prémio Nobel não morrerei infeliz.  

Umberto Eco (1932-2016)

O nome da rosa deu-lhe reconhecimento internacional. O filme, de 1986, foi dirigido por Jean-Jacques Annaud, e estrelado por Sean Connery. Dele estou lendo, muito ao poucos, História das terras e lugares lendários. Aqui, a espetacular biblioteca do autor:

Canto II - Paraíso

Leituras e releituras da Comédia de Dante. O início do Canto II, do Paraíso - aquele que quase ninguém lê pois, como já dizia Carpeaux, os leitores modernos só conhecem o Inferno... Aqui, Dante avisa aos desp re parad os que não o acompanhem . Na tradução de Ítalo Eugenio Mauro (Editora 34): Ó vós que em peque nina barca estais, e o lenho meu canta e vai, ans iados de podê-lo escutar, acompanh ais,  voltai aos vossos portos costumados, não vos meteis no mar em que, presumo, pe rdendo -me estar íeis extraviados. Ninguém singrou esta água q ue eu assumo; conduz-me Apolo e Minerva me inspira, e nove musas indicam -me o rum o .        No original, cl aro:   O voi che siete in piccioletta barca, desiderosi d'ascoltar, seguiti dietro al mio legno che cantando varca,   tornate a riveder li vostri liti: non vi mettete in pelago, ché forse, perdendo me, rimarreste smarriti.   L'acqua ch'io prendo già mai non si corse; Minerva spira, e cond

Stoner, de John Williams

                                         Resgatado do ostracismo de mais de 50 anos por uma turma da pesada (Julian Barnes e Philip Roth, entre outros), John Williams (1922-1994) e seu Stoner chegaram ao Brasil no ano passado. Publicado em 1965, conta a vida de um professor de literatura da Universidade do Missouri na primeira metade do século XX. Uma vida sem glamour, sem fama ou reconhecimento - como a do próprio autor, diga-se. William (Bill) Stoner é quase insuportavelmente triste - oriundo de uma família pobre de agricultores, ingressa na Universidade, onde acaba se dedicando à Literatura (para desgosto dos pais, que queriam vê-lo estudando algo ligado à terra), torna-se professor. Foge da convocação para a Primeira Guerra, seu casamento com Edith é um fracasso desastroso. A filha do casal é criada quase que exclusivamente por Bill.  Tem apenas dois amigos. Um deles morre nos primeiros dias da participação americana na Primeira Guerra. Bill irá se lembrar dele pe

O Leitor, de Wallace Stevens

Um artigo de Antonio Muñoz Molina sobre sua leitura de Montaigne no  Babelia.  As primeiras linhas: A punto de salir de viaje, compruebo que llevo conmigo, entre las cosas necesarias que no pueden olvidárseme, mi libro de Montaigne. Es el segundo tomo de la edición de bolsillo de Folio, espléndidamente editada y anota­da por Emmanuel Naya, Delphine Reguig-Naya y Alexandre Tarrête. Está muy moldeado por el trato con las manos y con los bolsillos de chaquetones y abrigos, y por las muchas idas y venidas en las que me ha acompañado. Es la segunda vez que lo leo en el plazo de unos meses. Empecé, uno poco por azar, una lectura seguida de los  Ensayos  al cabo de una temporada de inmersión en el  Quijote,  y en torno a él en otras obras de Cervantes, biografías y estudios. Ir de Cervantes a Montaigne fue quizás una deriva natural de lector, la intuición confirmada de ciertas afinidades, dos almas templadas en tiempos de furibundas explosiones de fanatismos religiosos, dos viajeros

Os 100 melhores romances da língua inglesa (para Robert McCrum)

A lista, em ordem cronológica, saiu no  The Guardian.   O primeiro é The Pilgrim's Progress, de John Bunyan (1678). Comecei a ler Gulliver, que, obviamente, está presente em qualquer lista decente. Dos mais recentes, achei curioso o fato de Ian McEwan não aparecer com Reparação. Banville também não aparece. Roth está representado por Complexo de Portnoy, que ainda não li. 

Civilização, de Kenneth Clark

    Civilização é algo mais do que energia, vontade e poder criativo; algo que os normandos não possuíam, mas que, mesmo na sua época, estava reaparecendo na Europa Ocidental. Como defini-la? Em poucas palavras: um sentido de permanência. Os nômades e invasores viviam num fluxo contínuo. Não sentiam necessidade de ver além do próximo fim de inverno, ou da próxima viagem ou da próxima batalha. Por isso não construíram casas de pedra nem escreveram livros. Dos livros de pedra construídos nos séculos posteriores ao Mausoléu de Teodorico, um dos únicos a sobreviver foi o Batistério de Poitiers. É muito primitivo. Os construtores tentaram usar elementos de arquitetura romana, capitéis, frontões, pilares, mas esqueceram suas intenções primeiras. Mas, pelo menos, esta construção precária se conservou. Não é apenas uma tenda. Acho que o homem civilizado precisa sentir que ele tem uma lugar no tempo e no espaço e que tem um futuro e um passado.   O livro é, praticamente, a série pr