Um filme muito bom que você provavelmente não viu, mas que já está disponível - até! - na TV a cabo. Uma professora dura, esposa de um fracassado alcoólatra, mãe de uma menininha, filha de um pai que vive com uma mulher bem mais nova...
A rigorosa professora Nade trabalha numa escola tentando fazer com que seus desanimados e perdidos alunos aprendam inglês, e se mostra implacável com uma situação de furto em sala de aula. Mas ela é professora, ganha mal (acham que isso não acontece na Europa?) e faz bicos com traduções.
Uma sucessão de desgraças surge a partir daí, num filme que não tem qualquer preocupação com fotografia ou trilha sonora - e que talvez, por isso mesmo, passe uma incômoda sensação de realismo. Não há dramalhão, mas uma angustiante luta de uma mulher para salvar a própria casa das besteiras do marido irresponsável.
A questão, a partir daí, é: como fica a rígida professora, cheia de princípios, diante desse caos que a atinge? O desfecho da história é de certa forma surpreendente neste sentido.
O brasileiro vai se identificar com uma pessoa apanhada por uma burocracia atrasada, um poder público corrupto (o comissário de polícia trabalha para o agiota que a explora - e que propõe que Nade se prostitua para pagar sua dívida), funcionários de banco capazes de levar qualquer sujeito à beira da psicopatia e empresas que fecham de uma hora para outra deixando os funcionários à deriva.
A Bulgária é um dos países europeus mais desconhecidos dos brasileiros, apesar dos esforços expedicionários de Campos de Carvalho - bom, o pai da Dilma era búlgaro... - que ignoram sua literatura e seu cinema.
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