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Roth Libertado, de Claudia Roth Pierpoint

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Roth Libertado
Claudia Roth Pierpoint
Tradução de Carlos Afonso Malferrari
Companhia das Letras

Eu não tinha este livro em mente; não tinha nada especial em mente. Eu resenhara um dos livros de Roth para a The New Yorker e acabei me tornando um dos vários leitores a quem ele mostrava seu novo trabalho antes da publicação. (Na primeira vez em que me pediu para ler um manuscrito, eu disse: "Ficaria honrada", ao que ele retrucou: "Nada de ficar honrada, por favor, senão você não vai me ajudar em nada"). Pág. 13.

A única razão para Roth não ser presença constante nesta Biblioteca é o fato de ter se aposentado em 2010, após Nemesis. A cada ano manifesto minha torcida pelo seu nome para o Nobel (que não repetirei este ano, pois sei que sou pé-frio). Li muita coisa que ele escreveu, e ainda não me aventurei em outros, alguns muito importantes.

A biografia de Claudia Roth (sem parentesco) Pierpoint é uma excelente oportunidade de ver a carreira do maior escritor vivo em perspectiva. Cobrindo todos os seus trabalhos - desde Adeus, Columbus (1959), e contextualizando-os com seus momentos de vida, a autora acaba elaborando um ensaio poderoso em que, apesar da proximidade com o biografado, não se furta a expor as críticas feitas à obra e, principalmente, ao próprio autor. E não foram poucas.

É perigoso dar à luz um escritor - Roth gosta de citar Czeslaw Milosz, afirmando que "quando nasce um escritor em uma família, a família está acabada" -e, às vezes, é perigoso até ser amigo de um (basta ver as histórias que Henry James e Edith Warthon escreveram um sobre o outro.


Pierpoint revolve o primeiro casamento, nos anos 50, com uma mulher mentalmente desequilibrada. Roth, diga-se, teve inúmeros casos - até Jackie Kennedy (Nixon se incomodava com isso). 

Isso, claro, gerou alguns escândalos. Claire Bloom, por exemplo, ao se separar do escritor, lançou um livro de memórias que definitivamente consolidou uma percepção não muito favorável da pessoa de Roth no grande público. Pode explicar, por exemplo, a recusa da Academia em conceder-lhe o Nobel. Em tempos politicamente corretos, não parece muito provável a premiação de um americano acusado de misoginia... e no entanto, é difícil encontrar outro nome que tenha escrito na quantidade, regularidade e qualidade de Roth.

A sequência de mulheres, a análise de cada um de seus romances e seu "período tcheco", fundamental para entender Nathan Zuvkerman: tudo foi tratado pela biógrafa.

Pierpoint deixa claras suas preferências: O escritor fantasma, afirma, se equipara ao Gatsby; Teatro de Sabbath é o ponto culminante de sua trajetória:

É possível que desde Proust nenhum outro autor tenha chegado tão perto de capturar o tempo.

Em compensação, ficou bastante decepcionada com Casei com um comunista (eu gostei!).

A longtime contributor and staff writer for The New Yorker, Claudia Roth Pierpont is the author of Passionate Minds: Women Rewriting the World, a collection of essays on women writers.

Um guia para os já iniciados na obra de Roth e, certamente, uma referência sobre o autor. 

Obs.: de todos que li, fico com Operação Shylock e A Marca Humana. Da última fase, Homem Comum.

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