Pular para o conteúdo principal

O Homem mais procurado (2013), de Anton Corbijn

O Homem Mais Procurado (2014) Poster

Para quem gosta de filmes de espionagem, o bom e velho John le Carré está de volta, agora sob a direção do (para mim) desconhecido Anton Corbijn. Um dos últimos filmes de Philip Seymour Hoffman (no papel do alemão Gunther Bachmann).

Nunca li Le Carré, mas assisti a diversos filmes baseados em sua obra. O que mais me deu raiva foi A Casa da Rússia, que consegui ser confuso com Sean Connery, Michelle Pfeiffer e Klaus Maria Brandauer. A culpa, claro, não foi de Le Carré, mas o diretor bem que poderia passar um tempo sendo interrogado pelos serviços de inteligência.

Aqui, o resultado é outro - o filme é ótimo. Sai Moscou, entra Hamburgo.

Como fruto de Le Carré, a história nunca é preto-e-branco (diversas agências de inteligência tentando passar a perna umas nas outras, por exemplo); há uma dúvida até os últimos instantes - na verdade, duas, envolvendo o imigrante checheno Issa Karpov e o badalado Abdullah, que vive dando palestras e é um senhor respeitabilíssimo. Os muçulmanos são muitos e não compõem um mundo monolítico.

Bachmann pertence a uma agência de inteligência alemã, que já foi passado para trás pelos "colegas" americanos (em quem não confia). Está de olho em Issa e desconfia tremendamente de Abdullah - e usa um para chegar ao outro. Issa é ajudado por uma advogada (Rachel McAdams). Willem Dafoe tem papel coadjuvante, e Daniel Brühl também dá as caras, na equipe alemã.

PS. Sabendo como as coisas terminaram, é quase impossível dissociar Bachmann de Hoffman (gordo, fumando o tempo todo, com um ar de quem não está suportando mais nada)...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O conto da semana, de Italo Calvino

O conto da semana é novamente de Calvino – Quem se contenta – e integra Um General na Biblioteca : Havia um país em que tudo era proibido. Ora, como a única coisa não-proibida era o jogo de bilharda, os súditos se reuniam em certos campos que ficavam atrás da aldeia e ali, jogando bilharda, passavam os dias. E como as proibições tinham vindo paulatinamente, sempre por motivos justificados, não havia ninguém que pudesse reclamar ou que não soubesse se adaptar. Passaram-se os anos. Um dia, os condestáveis viram que não havia mais razão para que tudo fosse proibido e enviaram mensageiros para avisar os súditos que podiam fazer o que quisessem. Os mensageiros foram àqueles lugares onde os súditos costumavam se reunir. - Saibam – anunciaram – que nada mais é proibido. Eles continuaram a jogar bilharda. - Entenderam? – os mensageiros insistiram – Vocês estão livres para fazerem o que quiserem. - Muito bem – responderam os súditos – Nós jogamos bilharda. Os mensagei

Conto da semana, de Jorge Luis Borges - Episódio do Inimigo

Voltamos a Borges. Este curto Episódio do Inimigo está no 2º volume das Obras Completas editadas pela Globo. É um bom método para se livrar de inimigos: Tantos anos fugindo e esperando e agora o inimigo estava na minha casa. Da janela o vi subir penosamente pelo áspero caminho do cerro. Ajudava-se com um bastão, com o torpe bastão em suas velhas mãos não podia ser uma arma, e sim um báculo. Custou-me perceber o que esperava: a batida fraca na porta. Fitei-o, não sem nostalgia, meus manuscritos, o rascunho interrompido e o tratado de Artemidoro sobre os gregos. Outro dia perdido, pensei. Tive de forcejar com a chave. Temi que o homem desmoronasse, mas deu alguns passos incertos, soltou o bastão, que não voltei a ver, e caiu em minha cama, rendido. Minha ansiedade o imaginara muitas vezes, mas só então notei que se parecia de modo quase fraternal, com o último retrato de Lincoln. Deviam ser quatro da tarde. Inclinei-me sobre ele para que me ouvisse. - Pensamos que os anos pa

Conto da semana - Saki

O conto da semana é   A Porta Aberta , de Saki, ou melhor, Hector Hugh Munro (1870-1916). Saki nasceu na Índia; o pai era major britânico e inspetor da polícia de Burma. O autor morreu no front francês durante a I Guerra. Já havia falado dele num post sobre a coleção Mar de Histórias , de Ronai e Aurélio, bem como um curta nacional. Ele está no volume 9. Mas apenas mencionei este conto, de cerca de cinco páginas. O vídeo acima é uma produção britânica de 2004 com Michael Sheen (o Tony Blair do filme "A Rainha") como Framton Nuttel, e Charlotte Ritchie como Vera, a menina de cerca de quinze anos que "faz sala" enquanto sua tia não chega. E começa a contar ao visitante sobre a terrível "tragédia" que se abateu sobre a tia, a Sra. Sappleton. O conto é um dos mais famosos de Saki, conhecido por tratar do lado cruel das crianças.