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Philip Roth (1933-2018)

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Meses depois de Aharon Appelfeld, a quem entrevistou, morreu no último dia 22 o maior de todos, Philip Roth. 

Ironicamente, não haverá Nobel de Literatura este ano. A Academia, que tanto esnobou o autor de Pastoral Americana, Operação Shylock e Complexo de Portnoy, está envolvida em escândalos sexuais. Outra ironia: muitos detratores de Roth se incomodavam com seus textos e o chamavam de misógino, machista, sexista... enfim, uma besteira que diz muito mais a respeito da Academia do que de Roth. 

Como escrevi quando comentei a biografia de Roth (Roth Libertado, de Claudia Pierpoint Roth), "Claire Bloom, por exemplo, ao se separar do escritor, lançou um livro de memórias que definitivamente consolidou uma percepção não muito favorável da pessoa de Roth no grande público. Pode explicar, por exemplo, a recusa da Academia em conceder-lhe o Nobel. Em tempos politicamente corretos, não parece muito provável a premiação de um americano acusado de misoginia... e no entanto, é difícil encontrar outro nome que tenha escrito na quantidade, regularidade e qualidade de Roth".

Para além dos seus romances, que merecem ser lidos e relidos, Roth foi, ainda, um grande divulgador da melhor literatura do leste europeu do século passado - e isso ainda durante os regimes comunistas: Ivan Klíma, Kundera, entre outros (sobre esse aspecto, vale a pena ler Entre nós: um escritor e seus colegas falam de trabalho, publicado em 2008 pela Companhia das Letras e que traz entrevistas que fez com Isaac B. Singer, Appelfeld, Primo Levi, além dos dois autores tchecos já mencionados, entre outros).

Neste momento em que todos falam de seu Roth favorito, tenho dificuldade de cravar um único trabalho. Por muito tempo, foi Operação Shylock e talvez ainda seja. Mas colocaria também Pastoral Americana, Complexo de Portnoy e A Marca Humana. Da última fase, Humilhado.



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