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Farewell, de Ayse Kulin

Farewell
Ayse Kulin
Dalkey Archive Press
400 p.


Nem só de Pamuk vive a literatura turca, ainda que, à disposição do leitor brasileiro não sejam muitas as opções (méritos, nesse ponto, para a Sá Editora). Mas a Dalkey Archive Press, uma editora independente americana, a mesma que edita a série Best European Fiction, que tantos contos rendeu a este blog, lançou esse Farewell - Veda, no original - da turca Ayse Kulin (1941-). 

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Uma família otomana influente, numa mansão imponente, se vê no caos em que se tornou Istanbul após a derrota de 1918. E, obviamente, irá descobrir que, com o final do sultanato e do império, está numa situação inimaginavelmente precária - o Sultão está sendo humilhado e o país, ocupado. As mudanças culturais e políticas são abruptas e ameaçadoras. 

Kulin recupera um personagem real, Ahmet Resat Pasa (1849-1927), que foi o último  ministro da fazenda otomano e que seguiu para o exílio com o próprio Sultão (segundo a wikipedia, ela é bisneta de um ministro da fazenda otomano)A partir dele, e com personagens fictícios, Kulin reconta a situação trágica de um império de mais de 400 anos definitivamente posto de joelhos por ingleses e franceses após o desastre de 1914-1918 e em processo de retalhamento; uma parte considerável do território "turco" - incluindo cidades importantes como Izmir - ocupado por tropas gregas e armênias; uma cidade ocupada pelos aliados; o Sultão que finalmente percebe que terá que carregar o fardo de ser o último de uma linhagem que remonta séculos. Por outro lado, o movimento nacionalista, baseado na nova capital Ancara, e comandado por Mustafa Kemal, tentará evitar um desfecho impensável: o de que os turcos ficarão sem um estado nacional.

As 400 páginas contêm uma mistura de novelão e romance histórico, tratando dos últimos anos do Império Otomano, assunto que, nos últimos anos, tem se tornado uma ideia fixa deste blog. A causa é justa, e a razão para isso, espero, será apresentada em breve. 

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