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Mostrando postagens de outubro, 2017

A história do amor (2016), de Radu Mihaileanu

Não sei se já passou nos cinemas daqui, mas consegui assistir na TV a cabo a mais um trabalho do excelente Radu Mihaileanu (Trem da Vida, O Concerto, A fonte das mulheres). Este A história do amor é uma adaptação do romance da norte-americana Nicole Krauss e tem como protagonista Derek Jacobi, que interpreta Leo Gursky.  Leo deixou sua pequena vila na Europa com a chegada dos nazistas. Alma Mereminski (Gemma Arterton), sua amada, já tinha feito as malas antes. Os dois fizeram juras de amor eterno e de troca de cartas mas, por alguma razão, as cartas de Leo nunca chegaram a Alma. Leo quer ser escritor, e avisa que irá escrever sobre aquilo que mais entende: Alma. Seria o romance A história do amor. Décadas depois, Leo é um idoso que vive em Chinatown, num apartamento microscópico, com o amigo Bruno Leibovitch (Elliot Gould). Passa os dias sacaneando a atendente do café, uma jovem alemã, entornando café (Leo não gosta de alemães), ou posando nu numa escola de pintura ...

Cinco Esquinas, de Mario Vargas Llosa

Em 1990, o candidato  Vargas Llosa é derrotado por Alberto Fujimori, que se torna, então, Presidente do Peru. Azar do Peru, uma vez que sabemos o que aconteceu a partir de então. E sorte de Vargas Llosa, que passa a se dedicar integralmente à literatura. Em 2010, recebe o Nobel. Em 2010, Fujimori já se encontrava condenado a uma infinidade de anos de prisão... Mas os anos Fujimori tinham de, em algum momento, ser trabalhados por Vargas Llosa, que o fez agora, com Cinco Esquinas (editora Alfaguara, tradução de Paulina Wacht e Ari Roitman, 213 páginas). Como dito pelo próprio autor, trata-se de um romance que aborda vários aspectos do regime que durou de 1990 a 2000, com seus toques de recolher, medo de atentados, mas também o uso, pelo governo, de jornais sensacionalistas para destruir reputações de opositores ou de qualquer um que não cedesse aos seus achaques (tema, aliás, já tratado em seu ensaio A civilização do espetáculo , que não li). E aqui entram os dois casais...

O Mestre e Margarida, de Mikhail Bulgakov

Há quem considere O mestre e Margarida, do ucraniano soviético Mikhail Bulgákov (  -  ) o melhor romance russo do século XX. Acabo de lê-lo, na edição de 2010 da Alfaguara, traduzida do russo por Zóia Prestes. Agora, terminada a leitura, descubro que a 34 vai lançar uma outra tradução, do Irineu Franco Perpétuo. A história de Woland (o Diabo) e seu séquito, composto por um gato preto (Behemoth), um sujeito com pince-nez (Koroviev), um caolho (Azazello) e uma ruiva nua (Hella) que aparecem na Moscou stalinista de 1929 (o diabo nunca esteve tão à vontade como quando passou por lá) é objeto de culto em várias parte do mundo. A ponto de o apartamento do autor, onde se passa a história, ser objeto de peregrinação e culto até hoje. A história também acompanha o julgamento de Jesus por Pôncio Pilatos. Moscou se torna uma cidade insegura com a chegada de Woland. O primeiro a sofrer é Berlioz, presidente de uma associação de escritores (uma associação do regime, diga-se), ...

Churchill, de Jonathan Teplitzky (2017)

Acabo de assistir ao filme de Teplitzky. É o primeiro dos dois filmes sobre Churchill que chegam ao Brasil. Este aqui é interpretado por Brian Cox. Na verdade, o mais esperado, e provavelmente melhor, é o interpretado pelo Gary Oldman, que só deve chegar por aqui pelo final de novembro. Este é um filme mais, digamos, psicológico: apresenta um Churchill temeroso com a Operação Overlord (Dia D), atormentado pela sua responsabilidade pelo desastre de Gallipoli (em 1915, quando 250 mil soldados ingleses e australianos foram dizimados num ataque frontal ao Império Otomano). Aparecem alguns personagens importantes, como Clementine, sua mulher, o Rei, Montgomery e Eisenhover, mas não desenvolve muito o ambiente histórico. Sim, é um bom filme, mas se parece muito (e vários críticos apontaram para esse detalhe) com uma peça de teatro. E Churchill, apesar de tudo, aparece aqui muito mais como um sujeito já meio incapacitado para conduzir a guerra.  Espero ainda mais ansios...

Kazuo Ishiguro

E eis que, desta vez, a Academia escolheu um escritor de literatura para o Nobel. Kazuo Ishiguro, autor de Vestígios do dia (não li, mas vi o excelente filme de 1993 com Emma Thompson, Anthony Hopkins, Christopher Reeves e Hugh Grant). Segundo Vargas LLosa, é um "escritor magnífico, de clara raiz japonesa, ainda que perfeitamente integrado tanto na literatura inglesa como na sociedade britânica. Um exemplo perfeito dessa integração é  Os Vestígios do Dia , romance no qual, com grande delicadeza, aborda os rituais da aristocracia britânica, vista com enorme sutileza e espírito crítico por um mordomo dotado de grande perspicácia. É uma delícia de novela, que introduz o leitor nesse mundo inglês com grande destreza narrativa" (trecho de seu artigo publicado no El País, e que pode ser lido, em português,  aqui.