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Mostrando postagens de dezembro, 2016

O remanescente, de Rafael Cardoso

O escritor e historiador da arte Rafael Cardoso lançou O remanescente, simultaneamente aqui (Companhia das Letras) e na Alemanha (Fischer). Romance baseado na vida de seu bisavô, Hugo Simon, ex-ministro das finanças, banqueiro judeu na Alemanha do entre-guerras, é o resultado de uma intensa pesquisa e reconstrução histórica. Grande personalidade de Weimar, transitando entre personalidades como Thomas Mann e Einstein e um foco de resistência ao nazismo, Simon, junto com sua família, é obrigado a deixar a Alemanha, partindo inicialmente para a França, o que logo se revela uma opção não muito segura. Rafael Cardoso constrói com rigor seus personagens e seus ambientes - a Alemanha, o sul da França "liv re" , a vinda para o Brasil. O destino encontrad o para sair da Europa foi um lugar meio esquisito e exótico - o Brasil do Estado Novo , ainda não dec idido a apoiar o s aliados .   O uso de passaportes falsos (Hugo Simon e sua esposa Gertrud se transformaram no

2016

Ano complicado, dedicado a escrever - o que tira muito do tempo para ler. Mesmo assim, um ano muito bom; a qualidade superou, em muito, a quantidade. Quatro clássicos (ou três e meio, vá lá): Madame Bovary, de Flaubert, As Viagens de Gulliver, de Swift, o Livro I de Don Quijote e Doutor Fausto, de Thomas Mann. Isso, por si, já justifica um ano de leituras. O negociante de inícios de romances, de Matéi Visniec , para mim, foi uma grande surpresa e, até onde sei, um dos livros negligenciados pelos resenhistas. O messias de Estocolmo, de Cynthia Oczik não é um lançamento, permanecendo inédito por aqui, infelizmente. Ponto para o livro digital... e, claro, um ano de lançamento de Ian McEwan ( Enclausurado ) é sempre um ano diferente. Brasileiros: os ótimos O romance inacabado de Sofia Stern, de Ronaldo Wrobel , e O Remanescente, de Rafael Cardoso . 2016 foi não apenas um ano com novidade de McEwan, mas também de Manguel ( Uma história natural da curiosidade). E se Philip Ro

O complexo de Portnoy, de Philip Roth

Este blog nasceu em 2011, quando Philip Roth já havia pendurado a caneta. De minha parte, comecei a ler sua obra a partir de 2000, com Operação Shylock (1993). Este ano, numa homenagem privada, depois do papelão sueco, resolvi ler aquele que, para muitos, é o seu melhor livro: O complexo de Portnoy, de 1969. Escrito no auge da revolução sexual, é para mim um dos livros mais divertidos e engraçados que conheço. Há, sim, algo de Woody Allen na história de Alexander Portnoy, que narra sua vida, suas neuroses e suas frustrações ao psicanalista (que nada fala), o dr. Spielvogel. A mãe judia, o pai que trabalhava numa corretora de seguros (como, aliás, o pai de PR), a irmã obesa. A namorada culta não é boa de cama; a namorada liberada é simplesmente "inapresentável" intelectualmente - o que me lembra uma versão muito mais divertida de Cabeças Trocadas e Thomas Mann. E seu ataque frustrado a uma jovem do exército israelense... aliás, Roth é criticado com frequência pelas