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Mostrando postagens de abril, 2015

Garcia Lorca e a aberração

Sempre se atribuiu a morte de Garcia Lorca à ditadura, mas o regime franquista nunca se pronunciou oficialmente sobre sua responsabilidade no fuzilamento do poeta.  Aqui, a matéria publicada no El País (em espanhol). Agora, um relatório da própria polícia franquista, datado de julho de 1965, afirma que Garcia Lorca foi fuzilado após sua confissão. Não diz exatamente o que ele confessou, mas o documento define o poeta como socialista, maçom de Alhambra e atribui-lhe "práticas de homossexualismo e aberração".  Foi uma operação de guerra: as milícias e as guardas de assalto tomaram todas as ruas e telhados próximos à casa dos irmãos Rosales; o regime moveu todo o seu aparato para garantir o sucesso da prisão. A aberração da Espanha franquista:

A segunda pátria, de Miguel Sanches Neto

A segunda pátria Miguel Sanches Neto Intrínseca, 280 p. É o primeiro romance que leio de Miguel Sanches Neto - este que é sua estreia na editora Intrínseca que, aos poucos, vem procurando incrementar seu catálogo de escritores nacionais. O tema - o nazismo no Brasil na época da Segunda Guerra - é estranhamente negligenciado entre nós. E, evidentemente, o que me atraiu ao livro foi lembrar-me de Complô contra a América, de Philip Roth. A linha do "e se?". E se Roosevelt perdesse a eleição para um simpatizante do nazismo (no caso, Charles Lindbergh)? E se Getúlio tivesse cedido aos seus impulsos e ficado do lado do Eixo? O que teria acontecido ao país? À população?  O grande risco é cair numa história absolutamente inverossímil. Roth em nenhum momento cai nessa armadilha. Miguel Sanches Neto também sai disso com maestria. E, nesse tipo de livro, quanto mais plausível a história, mais assustadoramente interessante é o enredo. De fato, Getúlio pe

Roth Libertado, de Claudia Roth Pierpoint

Roth Libertado Claudia Roth Pierpoint Tradução de Carlos Afonso Malferrari Companhia das Letras Eu não tinha este livro em mente; não tinha nada especial em mente. Eu resenhara um dos livros de Roth para a The New Yorker e acabei me tornando um dos vários leitores a quem ele mostrava seu novo trabalho antes da publicação. (Na primeira vez em que me pediu para ler um manuscrito, eu disse: "Ficaria honrada", ao que ele retrucou: "Nada de ficar honrada, por favor, senão você não vai me ajudar em nada"). Pág. 13. A única razão para Roth não ser presença constante nesta Biblioteca é o fato de ter se aposentado em 2010, após Nemesis. A cada ano manifesto minha torcida pelo seu nome para o Nobel (que não repetirei este ano, pois sei que sou pé-frio). Li muita coisa que ele escreveu, e ainda não me aventurei em outros, alguns muito importantes. A biografia de Claudia Roth (sem parentesco) Pierpoint é uma excelente oportunidade de ver a carreira do maior escr

Library Hotel

A Biblioteca abre um caderno de viagens: da próxima vez que for a Nova York, nossa dica é o Library Hotel.  Na reportagem publicada no Globo , descobre-se que cada um dos dez andares é dedicado a um tema - arte, linguagem etc - e cada quarto, um tópico na categoria, seguindo a classificação corrente entre as bibliotecas, o sistema decimal Dewey.  Mas deve haver briga para ficar em um andar e não em outro... À noite, drinks com nomes ligados à literatura. Fica perto da Biblioteca Pública de NY.

Bárbara Heliodora (1923-2015)

Heliodora Carneiro de Mendonça, verdadeiro nome da famosa e polêmica Bárbara Heliodora, crítica teatral temida e a maior especialista em Shakespeare no Brasil, morreu hoje, no Rio. Para a BRAVO!, ela disse: Por outro lado, basta o rótulo "sou brasileiro e experimental". E não tem nada de experimental. Muitas vezes se trata só de incompetentes. Muitos teatros no Rio estão ocupados por coisas ruins, mas que sempre conseguem pautas e têm verbas do Estado. Acho que seria preciso avaliá-las e criticá-las, no sentido de análise, e dizer: "Olha aqui, tem alguém para orientar e estimular". O elogio ao ruim é um desserviço. Porque se você não diz que é ruim, ele vai continuar sendo, crente que é ótimo.

Ian Buruma no Brasil

Saiu a edição brasileira de 1945 - Ano Zero, de Ian Buruma, que já comentamos  aqui.  Pela Companhia das Letras, na tradução de Paulo Geiger. Um trecho pode ser lido  aqui.

Dia 4 - O diário de Winston

Meu texto na Revista Samizdat,   O diário de Winston. Porque hoje é dia 4 de abril.

Anne Frank

O Diário de Anne Frank já foi adaptado diversas vezes ao cinema. Agora, o diretor israelense Ari Folman prepara sua versão, numa animação com técnica stop motion - como em Valsa para Bashir. A conferir.