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Mostrando postagens de junho, 2014

27 de junho - 800 anos de língua portuguesa

Em 27 de junho de 1214 foi escrito o que parece ser o mais antigo documento oficial conhecido em língua portuguesa, o testamento do terceiro rei de Portugal, Dom Afonso II. Francisco José Viegas, Pepetela, Agualusa e Antonio Lobo Antunes são alguns escritores que assinaram o manifesto, que pode ser lido aqui.  

O padeiro que fingiu ser rei de Portugal, de Ruth MacKay

No dia 4 de agosto de 1578, sob o causticante sol marroquino, D. Sebastião de Portuga liderou suas tropas para a carnificina. Quando o jovem rei morreu, o mesmo aconteceu com a independência de Portugal (...) Dezesseis anos depois da batalha, numa cidade da Espanha, surgiu um homem que dizia ser (ou que se pensou ser) Sebastião. Seu nome era Gabriel de Espinosa, Pelo que se pode saber, o inventor desta impostura foi o vigário português de um convento agostiniano para mulheres bem-nascidas, e o objetivo imediato do plano era convencer uma das freiras que, por acaso, era sobrinha de Felipe II, que este homem, ex-soldado e padeiro ocasional (pastelero), era seu primo. O rei Juan Carlos acaba de abdicar ao trono e, no dia 18, o príncipe das Astúrias se tornará Felipe VI. Há, sim, um movimento republicano forte, mas já há pesquisas indicando que a mudança no trono deu um pouco de gás à monarquia. No caso da Espanha, diga-se, a República durou de 1931 até a morte de Franco, o que não é e

Humildemente, caro leitor, comunico que Svejk chegou ao Brasil!

- Então eles mataram o nosso Ferdinand - disse a empregada ao senhor Svejk, que abandonara havia alguns anos o serviço militar por ter sido declarado definitivamente idiota por uma junta médica do exército e vivia da venda de cães, monstruosos vira-latas para os quais inventava falsas genealogias. Afora esta ocupação, sofria de reumatismo e, naquele exato momento, estava massageando os joelhos com uma pomada de cânfora. - De qual Ferdinand está falando, senhora Mullerová? - perguntou Svejk, sem parar de massagear os joelhos. - Eu conheço dois Ferdinands. Um é o criado do farmacêutico Prusa, aquele que bebeu certa vez, por engano, um frasco de brilhantina, e também conheço um tal de Ferdinand Kokoska, que recolhe cocô de cachorro. Não temos motivos para se lamentar por nenhum dos dois. - Meu caro senhor, estou me referindo ao arquiduque Ferdinand, o de Konopiste, aquele homem gordo e piedoso. Como antecipamos, chegou a edição brasileira. As ilustrações de Lada se res

John Banville recebe o Asturias

O escritor irlandês John Banville recebeu o 34º Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras 2014. Superou nomes como Ian McEwan e Murakami. A prosa de John Banville abre-se em deslumbrantes espaços líricos através de referências culturais onde os mitos clássicos são revitalizados e a beleza anda junto com a ironia. Ao mesmo tempo, mostra uma análise intensa de complexos seres humanos que nos prendem em sua descida à escuridão da vilania ou em sua fraternidade existencial. Cada criação sua atrai e deleita pela maestria no desenvolvimento da trama e no domínio dos registros e matizes expressivos, e por sua reflexão sobre os segredos do coração humano. Curiosamente, com a abdicação de Juan Carlos, sobe ao trono o atual Príncipe, Felipe VI. E quem entregará, então, o prêmio? Em princípio, sua filha, Leonor, de oito anos...

O Professor, de Cristóvão Tezza

O Professor Cristóvão Tezza Ed. Record, 2014, 240 p. Cristóvão Tezza (1954) reconhece: a literatura brasileira não existe fora do Brasil, exceto em alguns nichos acadêmicos. Não temos nenhuma imagem literária forte que, de algum modo, nos revele (Folha de S. Paulo). Dele li o justamente celebrado O filho eterno , há alguns anos. Ele já esteve na Flip, em 2009. Heliseu da Motta e Silva é um eminente professor de filologia românica, disciplina considerada pelos seus colegas e alunos um fóssil. Bom, Tezza é professor de Linguística. Heliseu, aos 70 anos, está para ser homenageado na universidade, e as 240 páginas são a recapitulação nostálgica de sua vida. Conhecemos seus sucessos acadêmicos e seus fracassos pessoais - as duas mulheres, Mônica (morreu - acidente, suicídio?) e Therèze, e Eduardo, o filho homossexual que o despreza.  Muitos apontam um romance com traços autobiográficos, coisa que o autor nega. Outros, proustiano. Bom, do ponto de vista de Heliseu, sem dú