Consegui assistir ao filme dirigido por João Jardim e estrelado por Tony Ramos (Getúlio), Drica Moraes (Alzira), Alexandre Borges (Lacerda), entre outros. Em 1994, assisti à peça no próprio Palácio do Catete e, na mesma época, a minissérie global (e muito boa, tal como o romance de Rubens Fonseca) Agosto. As comparações são inevitáveis, ainda que os enfoques de cada um sejam diversos. O do filme é bem particular: os eventos a partir do atentado da Toneleros sob a ótica do Palácio.
Os últimos dias de Vagas, sob o ponto de vista do próprio e de seu núcleo, a esta altura encastelado no Catete. A reconstituição do Rio - desde Copacabana (morava muito perto do prédio da Toneleros) ao clima de tensão que dominava a cidade - é um dos pontos fortes.
Em determinado momento, Vargas lembra ser especialista em constituições - "eu mesmo já rasguei duas", ironizando seu papel de ditador (aliás, é curioso como praticamente tratamos os presidentes de 1930-1945 e 1954 como duas pessoas diferentes, mas isso é outra história). No filme, Vagas foi um ditador, mas também mais do que isso. Ele resiste às sugestões de um novo golpe para tomar conta da situação, momentos antes do suicídio.
Em determinado momento, Vargas lembra ser especialista em constituições - "eu mesmo já rasguei duas", ironizando seu papel de ditador (aliás, é curioso como praticamente tratamos os presidentes de 1930-1945 e 1954 como duas pessoas diferentes, mas isso é outra história). No filme, Vagas foi um ditador, mas também mais do que isso. Ele resiste às sugestões de um novo golpe para tomar conta da situação, momentos antes do suicídio.
Outro ponto interessante é a ideia de que Alzira chegou a ler a carta de despedida - naquele momento, "para um discurso", dizia o pai. A carta aparece em vários momentos como um documento que deveria estar à mão. Mas me lembro do início dos diários (em dois volumes, publicados pela Siciliano em parceria com a FGV), em que Vagas da a entender, em 1930, que se algo saísse muito errado, um tiro seria a solução. No fatídico dia 24, lembra o personagem, a morte de Getulinho fazia aniversário - ele não se perdoava de não estar no Rio naquele momento. Darcy Vargas também não o perdoou.
O Getúlio do filme é um presidente velho e fisicamente acabado, politicamente isolado, traído dentro do próprio palácio, e atormentado com a ideia de vê-lo invadido (e ver-se algemado). Se a atuação de Tony Ramos (excelente) está sendo sempre destacada, deve-se prestar atenção à de Drica Moraes - que está ainda melhor como Alzira.
O Getúlio do filme é um presidente velho e fisicamente acabado, politicamente isolado, traído dentro do próprio palácio, e atormentado com a ideia de vê-lo invadido (e ver-se algemado). Se a atuação de Tony Ramos (excelente) está sendo sempre destacada, deve-se prestar atenção à de Drica Moraes - que está ainda melhor como Alzira.
Mas - nada contra Thiago Justino - Gregório mesmo é o Tony Tornado, de Agosto...
Ate hoje Getúlio e uma figura controversa, de varias facetas. A biografia de Lira Netto em 3 vols (2 já publicados) disponível para o Kindle na amazon.br parece-nos o melhor estudo já publicado sobre o pai dos pobres, avo do Lula. E.
ResponderExcluir