Elza, a garota. A história da jovem comunista que o partido matou
Sérgio Rodrigues
Companhia das Letras
216 páginas
Tinha dezesseis anos. Ou assim dizem. As versões variam. Em algumas, Elza é mulher feita, vinte e um. Na maioria tem dezesseis. A idade altera talvez o grau de escândalo da união, mas não o fato de que Elza era a namorada, mulher, companheira, concubina, amante, amásia oficial do secretário-geral do Partido Comunista do Brasil — o cargo máximo da organização — em 1935. O ano em que a esquerda brasileira tentou o lance mais ousado e sofreu a maior derrota de sua história. Miranda tinha quase a idade do século. Bem-apessoado, simpático, dizia a todos os companheiros que amava Elza e pretendia, assim que as circunstâncias políticas permitissem, fazer dela uma mulher honesta. Antes, porém, precisava se desincumbir daquele trabalhinho de tomar o poder no país.
Com atraso de quase dez anos do lançamento, li Elza, a garota, de Sérgio Rodrigues (seu O drible está na minha lista). Trata-se da história de Elvira Cupello Calônio, codinome Elza Fernandes, namorada do secretário-geral do PCB e assassinada, a mando de Prestes, em 1936. Em muitos momentos, o romance se oculta num livro de História, ainda que, ao contrário do que fez Olivier Guez com o seu livro sobre Mengele, há, aqui, de forma bastante presente o elemento ficcional. A história real é, de fato, uma tragédia. Impossível não lembar de Olga Benário, que por sua vez, não poderia ser mais diferente de Elza...
Uma curiosidade: o livro fora encomendado a Sérgio Rodrigues como um trabalho de não-ficção, uma grande reportagem, um livro de História. De fato, vários autores são citados ao longo das mais de 200 páginas, como William Waack e seu Camaradas. Lá pelas tantas, o autor percebeu que poderia e deveria se transformar em romance. Um bom romance, diga-se, sobre um período histórico que estudávamos com mais detalhes na escola até o final dos anos 80.
Ao que consta, está para ser adaptado ao cinema.
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