Quantas Odisséias contém a Odisséia? - pergunta Ítalo Calvino (Por que ler os clássicos, Companhia das Letras).
Acabo de ler a tradução de Frederico Lourenço da Odisséia (Companhia das Letras/Penguin). Minha versão da Ilíada é a de Odorico Mendes, o que praticamente faz com que tenha lido dois livros de dois autores diferentes. Lourenço estará em Paraty para a FLIP deste ano.
Manguel fala que os ingleses têm a sorte de dispor de duas grandes versões: a de Alexander Pope e a de Robert Fagles, ainda que reconheça a existência de numerosos desastres. E, em se tratando de um texto (?) em grego antigo, mais do que nunca é possível dizer que não lemos Homero, mas traduções de Homero. Aliás, se você estiver disposto a uma leitura, digamos, bastante completa dos dois clássicos, o livro de Manguel, publicado no Brasil pela Zahar - Ilíada e Odisséia de Homero: uma biografia - é uma excelente introdução ao mundo homérico: dificilmente você irá encontrar livro em português tão completo e tão acessível.
Ler a Odisséia foi voltar a histórias que conhecemos desde sempre - os Cíclopes, as sereias, Circe e outros seres mitológicos que, muito antes de desgastados pelo cinema (tem de tudo; de grandes filmes a grandes besteiras), conhecia de adaptações infantis como as de Ruth Rocha.
Que a leitura me anime a, finalmente, tentar (nunca sequer tentei) a leitura do Ulisses, de James Joyce. Está chegando o Bloomsday (16 de junho), dia mundial de prometer (e não cumprir) ler a saga de Leopold Bloom. Afinal, lá em Dublin vive uma prima distante das sereias, uma garçonete que canta as virtudes da cerveja Guinness...
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