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Mostrando postagens de setembro, 2014

O leitor não conhece o Paraíso

O julgamento unânime dos leitores de todos os séculos concorda em um ponto: que a parte mais "interessante", mais humana, do Cosmo dantesco, é o "Inferno"; e nesta afirmação se esconde um dos julgamentos mais graves que já se pronunciaram contra a humanidade (...) A grande maioria dos leitores da Divina Comédia só conhece o "Inferno"; vence as dificuldades das alusões políticas e históricas, que tornam indispensável o comentário, para compreender os grandes episódios que criaram a glória do poema através dos séculos. Uma compreensão tão fragmentária do "Inferno" não sente escrúpulos, fragmentando o poema inteiro: o "Inferno", sim, seria um reflexo satírico - sátira trágica - do mundo real e por isso acessível à nossa sensibilidade: o "Purgatório" seria, apenas, repetição mais fraca do "Inferno", e o "Paraíso", enfim, uma abstração, teologia escolástica em versos; para a grande maioria dos leitores o "

Góðan dag!

Se você entendeu o título do post, pertence ao seleto grupo de 66 mil falantes do idioma faroês (?).  O artigo publicado no The Guardian da última sexta-feira  trata de três idiomas europeus praticamente extintos.

Clássicos na TV5Monde

A TV5Monde lança sua coleção digital de clássicos da literatura.  

Um fato expressivo

Os românticos julgavam a poesia baseando-se no conceito que tinham de poesia realista, a única que consideravam digna de se chamar poesia. Mas não é assim. A poesia não é um fato conteudístico. É um fato expressivo. Os conteúdos em si jamais são belos ou feios. Tornam-se esteticamente válidos só quando são bem expressos. E Dante é um grande mestre da expressão, por isso é um grande poeta. Não há conteúdo para o qual ele não saiba encontrar uma imagem adequada, que o exprima à perfeição. Carmelo Distante, no prefácio da Divina Comédia da editora 34, tradução de Italo Eugenio Mauro.

O Dicionário do Diabo, de Ambrose Bierce

Efeito , n. O segundo de dois fenômenos que ocorrem sempre juntos e na mesma ordem. Do primeiro, que se chama causa, diz-se que origina o segundo - o que é tão sensato como dizer que, por ter visto um cão perseguindo um coelho, o coelho é a causa do cão. Dicionário do Diabo.  The devil's dictionary, em inglês, pode ser lido integralmente aqui.

Palavra por palavra

Para quem estiver em Madrid: a exposição Palavra por palavra  apresenta 70 bíblias sefarditas e 20 livros com textos bíblicos traduzidos para o ladino. No Circuito de Belas Artes de Madrid, até 26 de outubro. As peças pertencem a Uriel Macías, que reuniu a coleção ao longo de 2 anos.  Os livros expostos datam de 1553 a 1946 e foram impressos em Amsterdam, Constantinopla, Esmirna, Ferrar, Jerusalém, Liorna, Londres, Pisa, Salônica, Veneza e Viena. Quatro séculos de história entre Europa e Oriente Médio.

Sépharade, de Eliette Abécassis

Sépharade Eliette Abecassis Albin Michel, 2009 Sépharade  estava na minha fila de espera há cinco anos. Não conhecia a autora,Eliette Abécassis (1969), que tinha acabado de lançá-lo em Paris, em 2009. Recomendação do livreiro da Tschann. Mas logo descobri ter sido ela a co-roteirista (junto com o diretor) do celebrado Kadosh, de Amos Gitai. Sua família é profundamente religiosa; seu pai, Armand Abécassis, é conhecido pensador do judaísmo. Lembro imediatamente de Tatiana Levy Salem e seu A chave de casa . Tatiana é mais ousada e inovadora na forma; Abécassis é mais convencional - o enredo  é relativamente simples - e não muito animador: Esther, judia marroquina nascida em Strasburgo (como a autora), está para se casar com Charles. Seus pais não aprovam a ideia. As famílias são sefarditas do Marrocos, que sempre abrigou uma importante comunidade judaica. Aos poucos, somos apresentados aos membros das famílias Pinto e Tolédano, reunidos em Tel-Aviv para o evento. L

Carlos Monsivais

Algumas pérolas do escritor mexicano Carlos Monsivais (1938-2010). A tradução é minha; a fonte,  aqui. Percebe, Jorge, que dizem que esta casa que alugamos é assombrada por um fantasma que volta a cada ano, nesta data, à meia-noite, para um sacrifício humano?... Jorge! Jorge! * E havia o menino de nove anos que matou os pais e pediu clemência ao juiz por ser órfão. * E tirando isso, sra. Lincoln, gostou da peça?

Apostas para o Nobel 2014

Já virou tradição do blog colar do site  Ladbrokes  as cotações - inglês faz aposta para tudo - para o Nobel. Em 2012, Mo Yan estava em 4º; ano passado, Alice Munro aparecia em 6º. Portanto, lá vai a lista - o nome a ser anunciado no dia 5 de outubro pode estar aqui: 1) Murakami (sempre ele, sempre em primeiro. Mas nunca me animou...) 2) Ngugi Wa Thiog'o (de quem, fiquem tranquilos, jamais ouvi falar. Queniano, 76 anos, ex-preso político, "adotado" pela Anistia Internacional e autor de vasta obra. Vive nos EUA) 3) Assia Djebar (estava na lista de 2013) 4) Svetlana Aleksijevitj (ver observação do nº 2. Bielorrussa nascida na Ucrânia. Começou no jornalismo; escreveu sobre a guerra do Afeganistão - a soviética, de 1979 - Chernobyl, a queda da URSS. Ou seja, tem pinta de vencedora) 5) Joyce Carol Oates (em 2º no ano passado) 6) Jon Fosse, romancista e dramaturgo norueguês. 7) Adonis 8) Kundera 9) Philip Roth (será?) 10) Peter Nadas (merece atenção.

Um idiota absoluto

Os médicos forenses abaixo assinados baseiam o presente diagnóstico, referente à estupidez absoluta e ao cretinismo inato de Josef Svejk, que compareceu diante da junta médica forense, no fato e que o sujeito se expressa com frases como "Longa vida ao nosso imperador Franz Joseph I", afirmação que, por si só, é suficiente para demonstrar que seu estado mental é o de um idiota absoluto. Devido a isso, a comissão propõe o seguinte: 1. A suspensão das investigações contra Josef Svejk e 2. Sua transferência para uma clínica psiquiátrica a m de que este seja submetido à observação e se determine até que ponto seu estado mental é perigoso para as pessoas de seu entorno. As aventuras do bom soldado Svejk, Hasek, Alfaguara, p. 38. Nem os médicos forenses acreditavam no patrão.

Eça de Queiroz no cinema

Semana de adaptações - e para justificar o mote do blog. Além de Roth, Eça de Queiroz tem uma adaptação de seu Os Maias. Dirigido por João Botelho, a produção portuguesa estreia, aquém-mar, dia 11 de setembro.

Philip Roth no cinema

Philip Roth, eterno candidato ao Nobel e um dos (ou "o") maiores escritores vivos, se "aposentou", mas sua obra continua rendendo. No Festival de Toronto, foi lançada a adaptação de um de seus últimos romances, "A Humilhação" (The Humbling), com Al Pacino no papel de Simon Axler.  Ao que tudo indica, pela crítica, desta vez Roth tem uma adaptação à altura. Apesar do elenco (Anthony Hopkins, Nicole Kidman), Revelações de Robert Benton (adaptação de A Marca Humana ) deixou a desejar. Mas ainda sonho em ver Operação Shylock nas telas.

Anna Karenina lido ao vivo

Se você fala russo, pode participar do projeto "Karenina. Publicação ao vivo". De 3 a 4 de outubro, mais de 700 pessoas realizarão a leitura, ao vivo, do romance de Tolstoi. Grupos de diversos países participarão da iniciativa, que poderá ser acompanhada pelo Google+ e YouTube. Mais detalhes,  aqui.